Reunião marcou aproximação do Brasil com o novo pontífice em meio às celebrações dos 80 anos da FAO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (13) com o papa Leão XIV. Este foi o primeiro encontro oficial entre os dois líderes desde a eleição do novo pontífice, sucessor do papa Francisco.
O encontro, articulado pelo Itamaraty em conversas com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, reforçou o diálogo diplomático entre Brasil e Santa Sé. A embaixada brasileira em Roma também esteve diretamente envolvida na preparação da agenda, considerada estratégica para a política externa do governo.
Significado histórico e político
A visita de Lula ao Vaticano ocorre em um momento simbólico: meses após o anúncio de que o Brasil deixou o Mapa da Fome, segundo relatório da FAO divulgado em julho deste ano. O tema da segurança alimentar foi central na conversa com o papa Leão XIV, em sintonia com a agenda do Fórum Mundial da Alimentação 2025, realizado em Roma.
Em junho de 2023, Lula já havia visitado o Vaticano para se reunir com o então papa Francisco. Antes disso, em seus mandatos anteriores, também esteve com João Paulo II e Bento XVI.
Atividades em Roma
Além da reunião com o papa, Lula participa da abertura do Fórum Mundial da Alimentação, principal evento da FAO, que celebra 80 anos em 2025. Na terça-feira (14), ele encerrará a Segunda Reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e inaugurará o espaço que sediará o Mecanismo de Apoio da Aliança, considerado um braço técnico da iniciativa.
O coordenador-geral de Segurança Alimentar e Nutricional do Itamaraty, ministro Saulo Arantes Ceolin, destacou o peso da agenda internacional. “O objetivo principal da viagem é esse: prestigiar o Fórum e, sobretudo, comemorar o aniversário da organização, que é tão importante e com a qual o Brasil mantém uma relação robusta há décadas”, afirmou.
Agenda em Roma com líderes empresariais e a FAO
Após a audiência papal, Lula segue para compromissos em Roma. Às 11h, ele tem reunião com Pietro Labriola, CEO mundial da TIM, e Matteo del Fante, presidente da Poste Italiane, na embaixada do Brasil. Logo depois, às 13h, o presidente participa da reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, sediada na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Segundo o Itamaraty, a declaração conjunta desse grupo vem sendo construída há meses e deverá ser submetida aos países integrantes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC). A proposta reflete a prioridade do governo brasileiro em inserir a luta contra a fome e a transição ecológica no centro das discussões do G20, atualmente presidido pelo Brasil.
Segurança alimentar e diálogo Sul-Sul
Na sequência, às 13h40, Lula se reúne com o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, para discutir programas de segurança alimentar e ampliar a cooperação com países do Sul Global. Às 15h20, encontra o primeiro-ministro de Bangladesh, Muhammad Yunus, Nobel da Paz por sua atuação pioneira no microcrédito e na inclusão social.
Encerrando a passagem pela Itália, o presidente decola do aeroporto de Fiumicino às 17h05, retornando ao Brasil. Em Brasília, pretende se reunir ainda hoje com a equipe econômica para avaliar a derrota da Medida Provisória que tratava de uma alternativa ao aumento do IOF.
Justiça tributária como bandeira
Em declarações recentes, Lula reafirmou que a política de justiça tributária seguirá sendo prioridade de seu governo: “O sistema financeiro, sobretudo as fintechs, precisa pagar o imposto devido”. A fala sinaliza que novas propostas de arrecadação serão debatidas no Congresso.