No governo Bolsonaro é vendida mais uma refinaria “Lubnor”, no Ceará, por 55% do valor

O preço negociado pela Petrobras pela venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor) à Grepar Participações representa 55% do valor em comparação com os cálculos estimados em estudo realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
A venda da refinaria localizada no Ceará e das suas estruturas portuárias está avaliada com um valor mínimo, pelas projeções cambiais mais elevadas de 2022, em US$ 62 milhões, quando o valor negociado pela estatal com o potencial comprador foi de US$ 34 milhões.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que vai contestar judicialmente a decisão, anunciada na quarta-feira (25/5), pela gestão da Petrobras. “Isso significa a entrega de mais um ativo da área de refino da estatal à iniciativa privada em meio à conjuntura de escalada dos preços dos combustíveis, da inflação e de ameaça de desabastecimento interno de derivados de petróleo.”
Para realizar o valor da venda, o Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para o futuro. Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidades adicionais de giro.
O estudo se baseia em dois cenários-base, considerando um piso cambial de US$ 5,08 e um pico de US$ 5,70. Essa faixa foi adotada em função da alta volatilidade cambial. A partir desses dois cenários, e baseando-se nesse piso e pico cambial, o estudo conclui que a refinaria pode valer de US$ 62 milhões a US$ 70 milhões.
“Rateio”
Apesar da venda, a Petrobras não apresenta valores “isolados” de cada refinaria, para estimar as receitas e despesas da Lubnor, o Ineep fez um “rateio” dos dados disponibilizados pela empresa. Esse valor pode variar, dependendo das despesas efetivas da refinaria. Deve-se considerar que as receitas podem variar em função das premissas adotadas para determinar o preço de petróleo utilizado no cálculo da geração de caixa futuro — considerando variações, o Ineep não observou nenhum cenário em que o preço do ativo estivesse no valor vendido pela Petrobras.
Em relação às receitas da Lubnor, foram levadas em conta a produção dos derivados da refinaria, a capacidade de produção, entre outras informações. Para definir a premissa de nível de produção e preço da carga fresca processada da refinaria, foram utilizadas na projeção futura as informações trimestrais da Petrobras desde 2019.
FUP
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou tamb[em, em nota, que sua assessoria jurídica está monitorando, junto do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), os critérios adotados pela direção da estatal para a definição do preço de venda da Lubnor.
“Mais uma iniciativa da gestão da Petrobras de venda de ativos, a preço aviltado, sem debate com a sociedade brasileira. Um desmonte de patrimônio público anunciado em meio a mais uma troca no comando da companhia em apenas 40 dias. Uma decisão equivocada, com possíveis efeitos perversos para a economia e o emprego nordestinos”, criticou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
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