O MEC (Ministério da Educação) prevê para 2023 um orçamento com R$ 300 milhões a menos em relação ao dinheiro disponibilizado neste ano para os institutos federais. Reitores afirmam que os cortes de verba têm aumentado nos últimos seis anos.
A previsão de orçamento desse setor para o próximo ano é de R$ 2,1 bilhões. A informação foi enviada pelo MEC nesta semana aos reitores dos institutos. Essa verba é destinada ao pagamento das despesas de custeio, que incluem gastos como água, luz, limpeza e bolsas dos alunos.
“São R$ 300 milhões a menos comparado com 2022, que já tem um orçamento insuficiente, que não considera a inflação nem o IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo]”, explica Cláudio Alex Jorge da Rocha, presidente do Conif (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica).
O valor ainda é uma previsão, porque o governo precisa enviar o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) até agosto ao Congresso. A expectativa é que os recursos para 2023 comecem a ser discutidos pelos parlamentares após as eleições, que acontecem em outubro.
Rocha, que também é reitor do IFPA (Instituto Federal do Pará), afirma que o orçamento ideal deveria ser de R$ 3,2 bilhões. A verba para 2022 é de R$ 2,4 bilhões.
Na comparação com os últimos dez anos, o orçamento previsto para 2023 só não será menor do que o de 2021 —que ficou em R$ 2.080,54 com a correção pelo IPCA.
A diferença, no entanto, é que no ano passado a maioria dos institutos federais estava com aulas remotas ou em sistema híbrido, diminuindo assim os gastos básicos de funcionamento das instituições.
Para impedir um orçamento tão baixo, os reitores se reuniram na quarta-feira (6) com diferentes deputados para falar sobre o tema. Segundo o Conif, há uma preocupação com os estudantes de baixa renda —70% da rede federal é formada por alunos de famílias da classe C e D, que dependem, por exemplo, das bolsas de permanência.
Café da manhã sobe mais que o dobro da inflação em um ano
Aumento da refeição foi de 26,15%; no mesmo período, preço do café moído cresceu 61,83%, cinco vezes mais que o índice
Tomar o café da manhã está cada vez mais caro. A principal refeição do brasileiro teve um aumento de 26,15% entre junho de 2021 e junho de 2022, enquanto a inflação registrada no período foi de 11,89%, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o cálculo, foi considerada uma refeição matinal completa, com café, leite, pão francês, manteiga, bolo, pão doce, iogurte, pão de queijo, biscoito, pão de forma, queijo e requeijão. Só o preço do café moído subiu 61,83% nos últimos 12 meses, cinco vezes mais que a inflação no mesmo período. O pão de forma teve aumento de 21,72%, e o pão francês, de 16,61%.
“Os itens do café da manhã, juntos, tiveram uma alta maior que o dobro da inflação média”, avalia o economista Andre Braz, do FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas), responsável pela análise. Para ele, o grande vilão do ano foi o café. “Ele subiu muito porque, no ano passado, ocorreram geadas no inverno, em julho, o que provocou grandes perdas nos cafezais, principalmente em Minas Gerais, que é o maior produtor do Brasil”, explica.
Entretanto, o economista afirma que o preço do café tende a diminuir: “Como o ciclo de produção é bianual, leva dois anos para o processo se normalizar, então, estamos vivendo essa carestia em função disso. Mas, a próxima safra já promete ser melhor, e o preço deve começar a se normalizar.”
Braz também destaca o custo do trigo, que elevou os preços do pão de forma, do pão francês e dos demais produtos feitos com farinha. “Esses produtos subiram bastante, a maioria mais do que a inflação do mês e mais do que a acumulada. O trigo é uma das commodities que foi prejudicada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, que são os maiores produtores mundiais. Os embargos aos dois países estão fazendo os grãos escassear”, diz.
Fábio Pizzamiglio, diretor da empresa Efficienza, especializada em negócios internacionais, fala que a alta dos alimentos matinais, principalmente dos derivados de trigo, também está relacionada a dificuldades atuais do comércio exterior, causadas especialmente pela guerra na Ucrânia. “O valor dos contêineres continua elevado, há impedimentos para o escoamento da produção agrícola nas regiões em conflito, e ainda buscamos soluções para a crise dos fertilizantes. Por mais que a importação tenha aumentado, os valores estão elevados”, afirma.
“Temos que considerar, ainda, que a inflação dos combustíveis também impacta a logística internacional, principalmente no transporte de mercadorias”, lembra Pizzamiglio.
Levando em conta a variação dos preços entre maio e junho de 2022, os itens do café da manhã subiram, em média, 3,43%, enquanto a inflação do período foi de 0,67%, um aumento de cinco vezes o valor da inflação. “O leite subiu muito no mês, é o vilão da inflação no mês de junho”, diz Braz. “Isso tem a ver com a entressafra, época em que chove pouco, as condições de pastagem pioram, o capim não cresce, e o gado não encontra alimento farto. A consequência é a perda da produção de leite”, explica.
O economista conta que a oferta de leite fica temporariamente reduzida e, mesmo os produtores compensando as perdas com rações especiais e outros nutrientes para o gado, eles não conseguem obter o volume produzido no verão, por exemplo. “Dada a lei da oferta e da procura, quanto menor é a oferta, maior o preço. É isso o que está acontecendo com o leite. A boa notícia é que esse efeito é temporário. Logo depois que começar o periodo das chuvas, lá para setembro, o preço do leite volta ao normal, apenas uma parte do aumento que deve ficar, porque o diesel subiu, as rações ficaram mais caras, a mão de obra encareceu. Uma parte desses 10,72% vão ser incorporados à inflação deste ano, mas a maioria disso é gordura relacionada à entressafra”, comenta.
Para o professor Liao Yu Chieh, educador financeiro do C6 Bank, há fatores regionais, internacionais e climáticos que estão fazendo o café da manhã baseado em derivados de leite e trigo pesar mais no bolso do consumidor, como a desvalorização do real frente ao dólar, o preço alto das rações para o gado e o aumento dos combustíveis usado no transporte dos produtos. “Estamos em um momento delicado, e o mais recomendado é fazer substituições. Em vez de café, leite e pão, a melhor opção para o café da manhã pode ser comer frutas que estejam com um preço bom. Além de gastar menos, a família vai ganhar em saúde”, afirma. “É importante entender que as mudanças nem sempre vão trazer uma piora. No auge da pandemia, as pessoas tiveram de fazer diversas adaptações em seus hábitos, e muitas delas ficaram”, finaliza.
Operação ‘Campônio’: polícia investiga desvio de R$ 2 milhões do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de cidade do interior de Pernambuco nos últimos 16 anos
A Polícia Civil realizou na quinta-feira (07) a operação “Campônio”, com o objetivo de cumprir mandados contra suspeitos de lavagem de dinheiro e peculato, em Cupira e Jurema, no Agreste de Pernambuco. A polícia está investigando um desvio de R$ 2 milhões do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cupira nos últimos 16 anos.
“A gente conseguiu comprovar a participação de um grupo que vinha atuando nos cargos de gerência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cupira. Ao longo de 16 anos eles praticaram, de foram reiterada, desvio de valores do sindicato”, informou o delegado Jeová Miguel.
A polícia também conseguiu aprender cerca de R$ 36 mil em espécie durante a operação. Foram cumpridos um mandado de prisão, oito mandados de busca e apreensão domiciliar, medidas cautelares diversas da prisão, sequestro de ativos financeiros, hipoteca e arresto, expedidos pelo Juízo da Vara Única da Comarca de Cupira.