Exército russo se aproxima de Kiev para ‘decapitar’ o governo, diz EUA

Por: AFP

Ukrainian military vehicles move past Independence square in central Kyiv on February 24, 2022. – Air raid sirens rang out in downtown Kyiv today as cities across Ukraine were hit with what Ukrainian officials said were Russian missile strikes and artillery. Russian President announced a military operation in Ukraine on February 24, 2022, with explosions heard soon after across the country and its foreign minister warning a “full-scale invasion” was underway. (Photo by Daniel LEAL / AFP)
Com “superioridade aérea absoluta”, o exército russo se aproximava de Kiev, a capital ucraniana, nesta quinta-feira (24) com a intenção de “decapitar o governo” e substituí-lo por um pró-Rússia, segundo fontes militares ocidentais.
Depois de disparar mais de 160 mísseis contra alvos militares ucranianos, as forças russas avançaram rapidamente ao sul a partir de Belarus e “se aproximaram de Kiev” ao longo do dia, indicou um alto funcionário do Pentágono.
“Basicamente, têm a intenção de decapitar o governo e instalar sua própria forma de governo, o que explicaria este avanço inicial para Kiev”, avaliou.
De acordo com o funcionário de inteligência ocidental, “as defesas aéreas da Ucrânia foram eliminadas e eles não têm mais força aérea para se proteger”.
“Nas próximas horas, os russos tentarão concentrar uma força avassaladora em torno da capital e a defesa agora recai sobre as forças terrestres e a resistência popular”, explicou.
“Pouco tempo”
As tropas russas estarão ao redor de Kiev “em questão de dias, ou amanhã de manhã, no ritmo em que estão avançando”, enfatizou. “Não resta muito tempo. Acho que muito vai depender da resistência dos ucranianos.”
Até o momento, a Rússia avançou no território ucraniano em três eixos: ao sul, a partir da Crimeia, até a cidade de Kherson, através do rio Dnieper, ao norte a partir de Belarus até Kiev, ao longo de duas estradas a nordeste e noroeste da capital ucraniana, e ao leste da cidade russa de Belgorod até a grande cidade industrial de Kharkov, segundo estimativas do Pentágono.
O funcionário dos EUA relatou inicialmente 75 missões de bombardeiros e 100 lançamentos de mísseis de vários tipos, incluindo mísseis mar-terra disparados do Mar Negro, mas depois disse que o número de mísseis disparados desde o início da ofensiva russa havia subido para “mais de 160”.
“A maioria deles são mísseis balísticos de curto alcance, mas há também mísseis de médio alcance e mísseis de cruzeiro”, especificou.
“Também lançaram mais paraquedistas sobre Kharkov e estimamos que ainda haja combates intensos” nesta área no leste da Ucrânia.
Os ataques se concentraram em alvos militares, inclusive bases aéreas e o comando do exército ucraniano, mas segundo o Pentágono, o objetivo é tomar o controle de cidades-chave, sobretudo da capital, Kiev.
As forças russas atacaram o aeroporto militar de Antonov em Gostomel, nos arredores da capital ucraniana, onde os combates pareciam continuar nas últimas horas do dia.
Reforços americanos
Este aeroporto pode se tornar um ponto de encontro para o exército russo se quiser cercar a capital.
“Se Moscou conseguir controlar e manter a superioridade aérea (o que é muito possível), podem usar o aeroporto como ponto de entrada para atacar Kiev”, tuitou Michael Horowitz, especialista em segurança do Consultant Le Beck International.
O alto funcionário do Pentágono enfatizou que esta ofensiva não tem precedentes em mais de 70 anos.
“Não vimos um movimento convencional como este, de um Estado-nação para outro, desde a Segunda Guerra Mundial, certamente nada deste tamanho, alcance e escala”, disse ele.
No entanto, até agora, os russos não entraram no oeste da Ucrânia e não há indícios de um ataque anfíbio no sul vindo do Mar Negro, explicou a fonte.
Não há estimativas de danos ou baixas no exército ucraniano. “Há indícios de que estão resistindo e contra-atacando”, afirmou o funcionário.
As comunicações do país parecem funcionar, destacou. Ele acredita que em uma segunda fase ocorrerá um ciberataque para paralisá-las.
O Pentágono não confirmou a destruição de aviões militares russos ou a tomada da usina nuclear de Chernobyl pelos militares russos.
Mas o Pentágono enviará 7.000 soldados adicionais à Alemanha para “tranquilizar os aliados da Otan, impedir um ataque russo e estar preparado para atender às necessidades da região”.
Esses militares dos EUA se juntam aos 5.000 já enviados pelo presidente Joe Biden à Alemanha e ao flanco leste da Otan.
Contando com os reforços anunciados nesta quinta-feira, os Estados Unidos terão mais de 90.000 soldados na Europa.

Rússia x Ucrânia: veja o posicionamento dos países diante do ataque russo

Por: Correio Braziliense

 (Foto: Daniel LEAL / AFP )
Foto: Daniel LEAL / AFP
Depois de semanas de tensão, a Rússia colocou em prática as promessas que vinha fazendo de invadir a Ucrânia. Na madrugada desta quinta-feira (24), por volta de 00h30, Vladimir Putin anunciou uma ação militar no leste ucraniano, mas bombardeios foram registrados em diversos pontos da Ucrânia. Kiev, capital ucraniana, amanheceu ao som das sirenes de guerra e a população gerou congestionamentos ao tentar fugir do país.
Logo após a invasão russa, outros países ao redor do globo se manifestaram sobre a decisão de Putin. O primeiro a se posicionar foi o presidente norte-americano Joe Biden, que condenou os ataques e disse que Putin escolheu uma guerra premeditada que vai causar uma “perda catastrófica de vidas e sofrimento humano”. “ A Rússia sozinha é responsável pelas mortes e pela destruição que este ataque vai causar, e os Estados Unidos e seus aliados vão responder de uma forma unida e decisiva. O mundo vai responsabilizar a Rússia”, garantiu Biden.
O vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão (PRTB) também se pronunciou sobre o início da guerra. Na entrada do Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (24), ele disse que o Brasil “não está neutro”. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, afirmou. Entretanto, durante a tradicional live de quinta-feira no facebook do presidente Jair Bolsonaro (PL), o chefe do Executivo desautorizou a fala de Mourão e não se posicionou sobre os ataques russos.
Bolsonaro esteve na Rússia há uma semana em meio às tensões entre o país e a Ucrânia. Na ocasião, o presidente disse se solidarizar com a Rússia. Apesar disso, até o momento, Jair se manteve imparcial sobre o início da guerra, o que gerou especulações na internet. Para alguns, a falta de posicionamento significa que Bolsonaro apoia a invasão; para outros, o Brasil está “em cima do muro”. Mais cedo, alguns internautas chegaram a pedir que o presidente não se pronuncie sobre a questão, pois têm receio que ele dê passos falhos na diplomacia.
Contra a invasão
A maioria dos países no mundo demonstraram ser contra a invasão da Rússia na Ucrânia. Além dos Estados Unidos que, desde o início da crise tem tido posicionamento contundente contra as ações de Putin, governantes do México, Colômbia, Chile, Alemanha, França, Japão, entre outros, repudiaram a guerra.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse, por meio do Twitter, estar chocado com o ataque não provocado da Rússia. Ele afirmou que Putin escolheu o caminho “do derramamento de sangue e destruição” e garantiu que o Reino Unido vai responder de “forma decisiva”.

Além disso, a Argentina, Peru, Uruguai, Bélgica, Israel, República Tcheca, Turquia, Canadá, Itália, Austrália, Finlândia, Suécia, Noruega, Polônia e a União Europeia em peso, também disseram ser contra o uso da força e demonstraram apoio à Ucrânia.
Apoio
Mesmo com a maioria do mundo repudiando, alguns países decidiram demonstrar apoio a Putin e à Rússia. A Armênia, Cuba, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão disseram estar do lado russo nesse conflito.

“A Venezuela está com Putin, está com a Rússia, está com as causas corajosas e justas do mundo, e vamos nos aliar cada vez mais”, disse Nicolás Maduro. Entretanto, por volta de 20h desta quinta (24), Maduro publicou um comunicado no Twitter pedindo pela “busca de soluções pacíficas para resolver as diferenças entre as partes”.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, também expressou apoio “ao povo da Rússia, ao presidente Putin”. “Nossa solidariedade e nosso incentivo nessa luta que o povo russo está travando pela paz”, declarou.
Tajiquistão e Síria também prestaram solidariedade a Putin.
Ainda sem posição

Ainda existem países que, até o momento, não expressaram apoio ou repúdio direto. Nessa lista, entra o Brasil que, apesar da fala de Mourão, o presidente Bolsonaro ainda não disse ser contra ou a favor, mas demonstrou apoio aos brasileiros que estão na Ucrânia e assegurou estar “empenhado no esforço de proteger e auxiliar os brasileiros que estão na Ucrânia”.

Apesar de sempre ter se mostrado aliada da Russia, a China é outro país que não disse diretamente que apoia a decisão de Putin. A porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, fez uma declaração nesta quinta (24) e pediu moderação. “Pedimos a todas as partes que exerçam moderação para evitar que a situação saia do controle”, falou. A China afirmou ainda que acompanha de perto a situação na Ucrânia após a intervenção militar russa, mas não condenou Moscou.
O Equador também não demonstrou forte opinião. “O Equador acredita no multilateralismo e está disposto a respeitar e apoiar as decisões que tomar o Conselho de Segurança da ONU”, garantiu o presidente equatoriano Guillermo Lasso.
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