Butantan negocia exportação de vacinas a países sul-americanos

Na Argentina, de acordo com a agência pública oficial de notícias do país, a Télam, a negociação com o Butantan está em estágio “adiantado”.

O diretor do Butantan, Dimas Covas (Foto: Reprodução)

BUENOS AIRES, ARGENTINA, SÃO PAULO, SP, E MONTEVIDÉU, URUGUAI  Países do Cone Sul têm avançado em negociações para adquirir a vacina Coronavac por meio do Instituto Butantan. Outros o fazem por via direta com o laboratório chinês Sinovac, como o Chile, que recebeu os primeiros 2 milhões de doses na última quinta-feira (28).

No Uruguai, o presidente Luis Lacalle Pou anunciou, no último sábado (23), que já está encaminhada a compra de 1,75 milhão de vacinas do laboratório chinês. Na estimativa dele, elas começariam a chegar entre o final de fevereiro e março. Faltaria apenas o pagamento.

Na terça-feira (26), porém, o diretor do Butantan, Dimas Covas, afirmou à reportagem que, diferentemente do que disse o mandatário uruguaio, o acordo com esse país não estava fechado e que havia apenas um “pré-acordo em andamento”, sem especificação do número de doses.

As declarações de Covas levantaram polêmica no país vizinho. Na última quarta-feira (27), Lacalle Pou voltou a afirmar que o acordo havia sido feito por meio de “um representante autorizado da Sinovac”. A efetivação da compra por meio de outra empresa descumpriria o acordo entre o Butantan e o laboratório chinês, segundo Covas.

Nesta sexta (29), em entrevista à imprensa, Covas afirmou que as negociações envolvendo o Uruguai continuam a todo vapor e são feitas de forma tripartite.

“O pleito do país é discutido pelo Butantan junto com a Sinovac. Neste momento temos uma sinalização muito positiva da Sinovac de uma liberação de 500 mil doses para esses países, excluindo Uruguai e Colômbia, que estão negociando diretamente com a Sinovac, com a participação do Butantan.” E acrescentou: “Brevemente teremos as assinaturas de contratos, que não estão assinados. Menciono que toda essa negociação é feita sem prejudicar em nenhum momento o que está planejado para o Brasil. São doses adicionais que virão prontas diretamente da China ou que serão produzidas no Butantan, mas que não afetam em nada os quantitativos anunciados para o Programa Nacional de Imunização”.

Na Argentina, de acordo com a agência pública oficial de notícias do país, a Télam, a negociação com o Butantan está em estágio “adiantado”.

Covas reafirmou à reportagem que o acordo com a Argentina é “o mais avançado de todos no processo de possíveis exportações” do Butantan. Por ora, a Argentina vem vacinando profissionais da saúde com a vacina russa Sputnik V. Já foram aplicadas 200 mil doses. Porém, o Instituto Gamaleya, que fabrica a Sputnik V, vem descumprindo as datas da entrega dos primeiros 5 milhões de doses, e a Argentina começa a ficar sem opções, uma vez que recusou a oferta da Pfizer por afirmar que não tem como investir nos ultracongeladores necessários.

Assim, o governo afirma que está correndo para assinar contratos para a compra de doses das chinesas Sinopharm e Sinovac, ainda sem número de doses ou de datas definidas.

O Paraguai divulgou um programa de vacinação que tem como objetivo imunizar seus 7 milhões de habitantes. “A ideia é que 30% da população seja vacinada por meio do mecanismo Covax”, disse à reportagem Guillermo Sequera, diretor-geral de vigilância sanitária do país.

A vacinação no Paraguai está prevista para começar em meados de fevereiro. A reportagem apurou que 2 milhões de vacinas estão sendo negociadas com a Sinovac, por meio do Butantan. Ainda haveria pedidos para oferecer a Coronavac para o Peru e a Colômbia.

O diretor do Butantan afirmou à reportagem que, com relação a outros países da América Latina, “há conversas, mas ainda nenhum contrato foi assinado com os países”. E que, portanto, “não há definição de prazos de entrega nem de valores.”

Em paralelo a essas negociações, o diretor cobrava, por meio de ofício, informações concretas do Ministério da Saúde sobre a intenção de comprar ou não mais doses da vacina Coronavac.

Segundo Covas, o instituto deve cumprir o contrato de entregar 46 milhões de doses ao ministério, mas existia a possibilidade de o governo federal contratar mais 54 milhões.

O Butantan precisava dessa definição para fazer o planejamento da importação de insumos e a produção de novas doses, inclusive para esses futuros acordos com países vizinhos.

Nesta sexta, Covas afirmou que recebeu uma mensagem do governo federal, ainda não oficial, dizendo que comprará as vacinas na próxima terça, e o Ministério da Saúde confirmou a informação.

Até o momento, o Butantan já entregou por volta de 6 milhões de doses ao governo federal. No dia 3 de fevereiro, devem chegar da China insumos para a fabricação de 8,6 milhões de doses.

A expectativa do Butantan é conseguir entregar todas as doses compradas pelo governo federal até abril.

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